domingo, 11 de janeiro de 2009

As nossas edições pretendem ser uma expressão da filosofia portuguesa e, por isso mesmo, de uma filosofia atlântica, tal como a entendeu Álvaro Ribeiro e Agostinho da Silva a pensou dando como fim e destino da nossa acção no mundo uma civilização que seja não europeia, mas luso-afro-brasileira, onde se fale e pense em português e não em inglês.

Serra d’Ossa, ao iniciar a sua actividade com um livro de Pedro Sinde, O Canto dos Seres, fá-lo pelo caminho do Infante, por ele mesmo significado e bem expresso no modo como assinava. Por este motivo, são necessárias algumas palavras que expliquem o logótipo que adoptámos, depois de termos escolhido os montes da Serra d’Ossa, seus seios, como mãe dos livros.

O caminho do Infante D. Henrique era assim por ele significado:
A Ida podia não ter regresso. Bem presa pelo traço superior do I a algo de essencial e de estável (a Ordem de Christo), o caminho ficava aberto para o mar indefinido, talvez sem termo…
As nossas edições pretendem ser uma expressão da filosofia portuguesa e, por isso mesmo, de uma filosofia atlântica, tal como a entendeu Álvaro Ribeiro e Agostinho da Silva a pensou dando como fim e destino da nossa acção no mundo uma civilização que seja não europeia, mas luso-afro-brasileira, onde se fale e pense em português e não em inglês.

A transliteração para o hebraico da palavra IDA (que é também o nome da ninfa que pela mitologia se liga à Serra d’Ossa), transliteração tal como figura na folha de rosto deste livro, opera a inversão do movimento das letras que os iniciados não deixarão de compreender, mas sobre cujo sentido deixamos cair alguma luz.

Quando a Humanidade pela Grécia começou a escrever da esquerda para a direita, como quem ou como o que vai da treva para a luz é então que terá tido início a sua caminhada para o que hoje é o mundo moderno.
Na escrita sinistrógira, a luz da inteligência progredia em direcção à treva para com ela formar a Palavra.

É com este modo de escrever que se pode simbolizar o que virá a dar-se nestes tempos do Fim. Acontecerá aquilo a que a tradição imemorial designa como a inversão dos Pólos. A Torre de Belém, donde partiram as naus, está voltada para o Sul.
Por outro lado, ao escrevermos em hebraico a palavra IDA, compomos um movimento de ligação do yod (y) com o hé (h) pelo daleth (d – esta letra significa porta), pelo qual se sugere a formação do nome de Deus, que bendito seja!
Por estas razões ou, se quiserdes, significações, não vimos melhor livro que o do Pedro Sinde para abrir a estrada. É um pensador da montanha. O seu primeiro livro tem por título O Velho da Montanha, o último A Montanha Mística; é na ligação da terra com o céu que se situa a Terra Lúcida, título do livro que fica entre aqueles dois.
Continua O Canto dos Seres a ida do Infante que é a mesma que na cidade do Porto, sua terra natal, outros portuenses inventaram com o nome de filosofia portuguesa.
É a mesma, mas a matéria de que são feitas as naus é outra. Fernando Pessoa, poeta de filosofia portuguesa, escreveu que, desta vez, nos tempos do Fim e da Hora, as naus serão feitas da matéria de que os sonhos são feitos. Ele não disse que se trata de sonhar com uma nova Índia. Ele disse que se trata de ir lá pelo pensamento que é feito de uma luz análoga à que ilumina o espaço do sonho quando dormimos.
O livro do Pedro Sinde, como se poderá ver, acordará o leitor para esse novo dia. É a ideia que significamos no logótipo da capa: uma simples letra, a última da palavra IDA na sua forma hebraica (h), aquela letra que é a do eterno feminino, porquanto, ao fim e ao cabo, como profetizou Joseph de Maistre, “a salvação virá pelas mulheres”, as moradoras da Ilha.
A Oriente da Serra d’Ossa, 4 de Março de 2008, dia e mês do nascimento do Infante de Sagres.